terça-feira, 10 de maio de 2016

A quietude, o corpo... a manhã

A coragem de me sentir sozinha faz crescer o deserto onde cresce a limitação. A angustia caminhando em segredo esboroa o instante da emoção que se aproxima...
Venho do areal da ascese primitiva sacudindo meu fato e minha febre e onde estou está um cansaço que não está no falso da intenção...
A distância do que não surge, telúrico navegando sua ância e seu areal de insónia é a incoerência dum mendigo pensador desintegrando-se. Pensar é como trazer um gesto erecto e pedir à terra que nos ceda pão.
Onde ficarei, na quietude de me savber sozinha, não haverá choro ou lamento de mulher... Sozinha e não pensando em nada... apenas Mar e espaço de enxárcia a remo. De leme ao braço eu navego rosa branca. Com a minha face ao invés...qual ângulo recto e contorno do silêncio do convés onde o Luar agitou farrapos... eu Te senti opaco e transcendente... fui buscando o ocaso no Outono mais outonal que se toca e se sente mas feriu-me o anátema.
Consubstancio-Te minha palavra vã onde se iluminam teus pássaros libertos. Hummm... a quietude, o corpo... a manhã !
JM

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Como se fosses um Duende e eu uma Fada.

Abraça-me como se fosses um Duende e eu uma Fada.

Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos. Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente das estrelas. Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram. Abraça-me. Quero morrer de ti em mim, espantada de amor. Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferecê-la aos Astros pequeninos ...Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do Universo, e eu quero que dele fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes. Abraça-me. Uma vez só. Uma vez mais. Uma vez que nem sei se tu existes...


Lia


domingo, 18 de maio de 2014

A coragem de me sentir sozinha faz crescer o deserto onde cresce a limitação. A angustia caminhando em segredo esboroa o instante da emoção que se aproxima...
Venho do areal da ascese primitiva sacudindo meu fato e minha febre e onde estou está um cansaço que não está no falso da intenção...
A distância do que não surge, telúrico navegando sua ância e seu areal de insónia é a incoerência dum mendigo pensador desintegrando-se. Pensar é como trazer um gesto erecto e pedir à terra que nos ceda pão.
Onde ficarei, na quietude de me saber sozinha, não haverá choro ou lamento de mulher... Sozinha e não pensando em nada... apenas Mar e espaço de enxárcia a remo. De leme ao braço eu navego rosa branca. Com a minha face ao invés...qual ângulo recto e contorno do silêncio do convés onde o Luar agitou farrapos... eu Te senti opaco e transcendente... fui buscando o ocaso no Outono mais outonal que se toca e se sente mas feriu-me o anátema.
Consubstancio-Te minha palavra vã onde se iluminam teus pássaros libertos. Hummm... a quietude, o corpo... a manhã !
JM

sábado, 17 de maio de 2014

Não, nunca recuso estender a mão ! ... Os lobos escolhem o seu destino como nós fazemos... E morrer é tanto o recomeçar da vida para eles como é para nós... Posso pensar assim mas, por vezes, não me serve de conforto... (...existe sempre uma razão. Nós é que não sabemos qual é neste momento...) porque não sei !... Apenas sei que a vida , na orla , me empresta um tom tão carinhoso como um raio de sol... Fico sem medo de naufragar !
Lia

Momentos de Paz

Não, nunca recuso estender a mão ! ... Os lobos escolhem o seu destino como nós fazemos... E morrer é tanto o recomeçar da vida para eles como é para nós... Posso pensar assim mas, por vezes, não me serve de conforto... (...existe sempre uma razão. Nós é que não sabemos qual é neste momento...) porque não sei !... Apenas sei que a vida , na orla , me empresta um tom tão carinhoso como um raio de sol... Fico sem medo de naufragar !

Lia

domingo, 23 de março de 2014

I need a moment fo pease !

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" Se o mundo pode ser melhor do que é, ou do que foi, só poderá ser quando abrigarmos a diversidade para além da mera tolerância. O grande desafio humano talvez seja aprendermos a nos destituirmos de nossas certezas (e não de nossas verdades) e nos abrirmos para a diversidade das verdades possíveis, procurando o consenso prático que abrigue a complexidade intrincada da qual o próprio mundo parece ser composto."

jm

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Eu e Deus

" ... Na grande praça da minha aldeia havia a farmácia, a oficina do relojoeiro, o comerciante de trapos, a mercearia, a igreja e a oficina do carpinteiro, de portas sempre abertas, e ainda, por debaixo do castanheiro, as belas e grandes carretas pintadas de azul-real...

E havia as bolas de nogueira do avô Nicolau, com que brincavam  simultaneamente o gato da parteira, os garotos da praça, etc.

Havia ainda o bebedoiro onde os bois, os cavalos e os burros iam beber, a passos apressados antes do toque das Ave-marias, e depois regressavam a passos muito lentos após terem bebido, pesados de água e esfomeados de misteriosas aventuras...

E além de tudo isto havia centenas de outras coisas que se misturavam e confundiam na recordação.

Havia isso e depois houve as guerras...

Já não há farmacêutico na pequena praça da minha aldeia, nem carpinteiro, nem relojoeiro, nem parteira e as bolas de nogueira do avô Nicolau, foram substituídas pelas placas de cimento armado das pontes e calçadas.

Os animais já não vão ao bebedoiro, foram substituídos pelos tratores e pelos automóveis...

Acabaram as praçazinhas onde se reuniam as lojas; acabaram as estradas poeirentas, os cavalos presos ao longo das paredes. O pitoresco, destruído, adulterado, esboroado, desmantelado, apenas vive em certo lugar privilegiado as últimas horas de graça ..."


JM